A abordagem agressiva e a expansão da autoridade de Moraes fizeram dele uma das pessoas mais poderosas do país, e também o colocaram no centro de um debate complicado no Brasil sobre até que ponto se pode ir para lutar contra conservadores de direita.
Alexandre de Moraes já ordenou prisões sem julgamento por ameaças postadas em redes sociais; liderou o voto que sentenciou um deputado federal a quase nove anos de prisão por ameaçar o Tribunal; ordenou busca e apreensão contra empresários com poucas evidências de irregularidades; suspendeu um governador eleito de seu cargo; e bloqueou monocraticamente dezenas de contas e milhares de publicações nas redes sociais, praticamente sem transparência ou espaço para recurso.
Na sua caça em nome da justiça após o tumulto deste mês, Moraes se tornou mais audacioso. Suas ordens para banir vozes influentes online se proliferaram, e, agora, ele colocou o homem acusado de atiçar as chamas extremistas do Brasil, Bolsonaro, sob sua mira. Na semana passada, Moraes incluiu o ex-presidente na investigação federal do tumulto, da qual é o relator, sugerindo que o ex-presidente tenha inspirado a violência.
Suas ações se encaixam em uma tendência mais ampla da Suprema Corte brasileira de aumentar o próprio poder — tomando o que os críticos chamam de um rumo mais repressivo no processo.
Vários juristas e analistas políticos agora discutem que impacto Moraes terá a longo prazo. Alguns argumentam que as suas ações são medidas extraordinárias, mas necessárias diante de uma ameaça extraordinária. Outros dizem que, agindo sob a bandeira da salvaguarda da democracia, Moraes está, em vez disso, prejudicando o equilíbrio de poder no país.
“Não podemos desrespeitar a democracia para protegê-la”, disse Irapuã Santana, advogado e colunista jurídico do jornal O Globo, um dos maiores do Brasil.
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