O secretário de educação Felipe Camarão anunciou que vai mesmo se filiar ao PT pra disputar um cargo eletivo nas eleições do ano que vem.
Felipe estava filiado ao DEM – partido de direita. Seria um ‘cavalo de pau’. Sair do DEM – de ACM Neto direto para o PT.
Pelas colocações do Camarão pelas redes sociais, a entrada dele no partido seria por cima, atropelando as instâncias e os desejos da militância estadual e municipal que nem sequer foi consultada.
Camarão deixou entender no comunicado pelas redes sociais que sua filiação será pelo PT nacional, sem passar pelo aval dos companheiros.
O deputado federal José Carlos(PT) em vídeo manifestou a insatisfação com a entrada do secretário.
“Com certeza grande parte de vocês deve estar acompanhando a discussão sobre a entrada do Secretário Felipe Camarão, do Democratas, no nosso Partido para se candidatar a Deputado Federal.
Diante da velocidade com que as coisas estão acontecendo, preciso compartilhar com todos vocês, para que possam avaliar as minhas preocupações a respeito deste caso.
Destaco três pontos que reputo graves:
O primeiro deles é a atitude incisiva do Secretário Felipe Camarão, que está utilizando fortemente sua força política para “convencer” parte da Executiva Estadual em aprovar seu intento.
O segundo ponto, também gravíssimo, é a atitude de um Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, cujo cargo não lhe permite fazer política partidária, ser um dos principais articulador e advogado, dentro e fora do PT, para a vinda do Secretário Felipe.
O terceiro ponto é a pressa inexplicável, o açodamento dos companheiros que pretendem esse objetivo, em o filiar sem o devido debate nas instâncias partidárias e ha quase um ano do prazo limite para filiações.
Diante disto, submeto a minha posição ao Coletivo, entendendo que ainda não estão claros esses três pré-requisitos para se filiar um candidato do partido Democratas, que não tem nenhuma afinidade ideológica com as bandeiras de lutas do PT.
Mas entendo que isso, por si só, não seria um impedimento para essa filiação, mas a ausência dos dois pré-requisitos a seguir são:
1. O conhecimento das regras que vão reger a próxima eleição, em função das alterações que estão sendo discutidas na Câmara Federal através da PEC 125/2011;
2. Uma vez que não há consenso entre as forças internas, uma avaliação prévia pela Direção Estadual, em conjunto com a Direção Nacional, para debater os interesses e os benefícios que essa filiação eventualmente possa trazer para o nosso Partido, obedecendo o que está previsto estatutariamente, aí sim, se for bom para o partido, não teremos objeção quanto esta intenção.
Entretanto, sem essa avaliação mais profunda, vejo a forma como está sendo feito essa condução como inoportuna, pois a vinda dele não ajuda o partido, ela desorganiza um projeto que vem sendo construído há vários anos.
Para isso, estamos encaminhando recurso à Direção Nacional, solicitando postergar essa avaliação, após essas duas condições serem cumpridas.
Concluo a minha fala citando um poema de Eduardo Alves da Costa, que muito me lembra a situação atual:
“Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.”
Partido é dos Trabalhadores!